23.1.07

O Prós e Contras de ontem

Abordou o tema Adopção.
Um caso de adopção específico, mas que deixou perceber durante o debate como (não) funciona a Adopção em Portugal.
Há muito caminho para andar. Há, há!

17.1.07

Para que entendam

"Roubado" ao blog da Musa

"A nossa sociedade considera legítima a opção de não querer ter filhos, mas o facto de os não poder ter continua a ser problemático. São muitas as pessoas que não falam disso por medo de que não as levem a sério, para não incomodarem os outros ou porque é doloroso e violento para elas falarem disso. À frequente e muito temida pergunta sobre se gostariam de os ter, é-lhes mais fácil responder que (ainda) não do que dizerem que não podem, embora no fim de contas, o não falar de uma coisa que governa a tal ponto a vida acabe por pesar e aumente o sentimento de solidão.
Trata-se de escolher entre duas possibilidades, qual delas a pior. Os que decidem falar disso publicamente também apanham com frequência decepções. Tal como as piadas de mau gosto, os comentários bem intencionados podem igualmente ser muito ofensivos. Para quem ainda não conseguiu aceitar isso, não ter filhos involuntariamente é uma ferida aberta. No processo de assimilação intervêm sentimentos como a ira, o desespero, a auto-compaixão e o ciúme, os quais indesejáveis, causam incompreensão e irritação nos outros. Não é fácil partilhar a dor provocada pela perda de um filho que, «na realidade», nunca chegou a existir, e aqueles que não viveram a situação na sua própria carne têm dificuldade em entendê-la.
Não há dúvida de que esta experiência provoca alterações drásticas na vida dos que passam por ela. Implica uma prova dura para as relações do casal, porque os homens e as mulheres não enfrentam, em geral, a dor da mesma maneira, e as relações com os amigos e familiares que têm filhos passam por momentos muito maus. Os anúncios de gravidez e nascimento são um suplício recorrente e as visitas aos recém-nascidos, uma maldição. A auto-estima desmorona-se quando é o nosso próprio corpo que nos deixa mal. Durante anos, perde-se muita energia e tempo em exames médicos, nas operações e tratamentos de FIV, à custa de outras actividades como o trabalho, a diversão e a vida social. Para quem quer ter filhos, realizar esse desejo representa uma parte essencial da sua existência. Ao aperceberem-se de que tal é impossível, muitas pessoas mergulham na maior crise da sua vida ".
Texto retirado do livro da autora Judith Uyterlinde - " Quando a gravidez não chega ", da Casa das Letras