31.7.07

Capas de Revista

Catarina Furtado e Fernanda Serrano grávidas.
Na mesma altura. Outra vez!
Uma diz-se "radiante", a outra "uma vez mais muito feliz".
A sério? Porque será?!
Gaita! E tem uma pessoa que levar com isto em 5 ou 6 capas de revista, só por andar na rua...
É ridículo (egoísta, até!), sei-o, mas há dias em que coisas tão banais como esta me deixam de rastos!

20.7.07

Apetece-me chorar

Há poucas horas tinha um "miminho-baguinho". Como foi em outras paragens, escrevi à "Mãe-Baguinho" e dei por mim a relatar-lhe o que me ía na alma.
Soube-me bem ler as suas palavras!
E, entre outras coisas, escrevi-lhe:
"Desde ontem que estou especialmente triste: fizemos anos de casados, mas também 2 anos de tentar aumentar a família. O "presente de casamento" da médica foi não estar nos próximos 2 ciclos para tentar a IIU. É uma sensação de impotência terrível (inexplicável para quem nunca a viveu ou não se esforça por se colocar na nossa pele) e uma dor pesada, feia, que corta por dentro.
Hoje vou de férias e vou triste. Com a esperança de me animar, com a certeza que vou fazer esse esforço e conseguir, mas vou muito, muito triste.
Setembro é, em princípio, a nova etapa. E estes "em princípio", esta incerteza juntamente com a ausência da realização deste grande desejo, deixa-me vazia e dorida.
(...)
O apoio nunca é demais nesta fase (às vezes acredito que vou conseguir. Hoje não é um desses dias, mas passa!) (...)"
Para lá das dores de período, a dor psicológica e emocional estão monstruosas.
Quero mudar o rumo aos meus pensamentos, ter novamente vontade de escolher o que vou vestir e ir trabalhar ou estar em pulgas para as férias, mas não estou a conseguir.
Tenho saudades loucas da minha irmã e quase me atreveria a "pedir colo" à minha Mãe e um abraço apertado ao meu Pai, mas não os quero preocupar (mais), nem sei se é saudável.
Queria que o meu marido continuasse a abraçar-me e a fazer-me festas no cabelo como ontem fez depois do telefonema. Apetecía-me que esse abraço não terminasse nunca!
Apetece-me chorar!

19.7.07

Estou de rastos!

Esperança. esperança, esperança. Esperança de ter o melhor presente de casamento, hoje: a médica estar para fazer a IIU.
Desilusão, desilusão, desilusão!
Mais 2 ciclos passarão em falso, pois só regressa em Setembro.
Vou fazer o luto. Até depois.

17.7.07

Uma ansiedade calma

No passado sábado perguntava-me uma amiga, quando o meu marido se ausentou por minutos da mesa onde almoçávamos: "Então, e vocês?"
Percebi a que se referia e falámos um pouco. Dei por mim a dizer-lhe algo do género: "É tipo 2 semanas quem espera sempre alcança e 2 semanas quem espera desespera".
Durante a semana a frase por mim proferida tem-me vindo à cabeça, não estivesse eu a sentir-me, num mesmo dia, com momentos de esperança e momentos de desespero.
Aproxima-se o dia de telefonar a saber se a médica está e posso avançar com novo tratamento para tentar a IIU.
Mas dou-me conta, tal como no último ciclo, a alternar os momentos de maior ansiedade com uns novos: de estar a amadurecer mais ainda e a crescer com esta aprendizagem, apesar de dolorosa. Começo a ter momentos de uma serenidade indescritível (a par com momentos de verdadeiro desespero, não o posso negar) e de relativização dos sintomas de um período que deve estar para chegar, de não deixar de correr ou fazer amor porque "já posso estar grávida", entre outros.
A diminuir, sem fazer por isso, esta ansiedade que sei em nada me/nos ajuda. Pelo contrário...
É incrível, parece contraditório, mas sinto que estou a aprender a acalmar com tanta ansiedade. Será possível?
Aprendi eu que a ansiedade tem sempre um ponto que não pode ultrapassar e daí só pode diminuir. Aplicar-se-á também a esta situação angustiante? Freud explicaria... mas já morreu! E eu... só queria que esta serenidade não voltasse mais a dar lugar ao desespero e à angústia.
O sonho comanda a vida!

13.7.07

IVG

Há dias dei por mim, quase a chegar ao trabalho, colada a uma capa de jornal.
Tinha acordado bem disposta, não estava a contar ter um dia mais difícil que os outros, mas foi-o. Aqueles títulos martelavam-me na cabeça e não deixavam o meu coração sossegar.
As notícias eram sobre o ter havido já necessidade de recorrer ao privado para fazer x abortos ou, se preferirem, IVG. Do número de objectores de consciência na maior parte dos hospitais e da necessidade de contratação de técnicos somente para esse serviço.
Da cabeça não me saía o meu voto no Refrendo de Fevereiro e a luta interior que parecia ter terminado e recomeçava com aquele momento.
Passei semanas, meses, a ponderar o meu voto, a informar-me, a ouvir-me e a sentir-me.
Sempre fui pela liberdade de escolha sem penalização, mas o facto de não conseguir engravidar estava a fazer-me ver o que muitos chamavam "o outro lado". O facto de não haver quase apoios por parte do Estado para casais inférteis aumentava as dúvidas no meu voto. Pela 1ª vez na vida tive (muitas) dúvidas a este respeito.
O meu tira-teimas foi o sentir, acima de tudo, que cada um é que sabe de facto o que sofre/deseja quando passa pelas situações. Tanto na Infertilidade, como na IVG ou em tantas outras situações melindrosas de diversas áreas das nossas vidas.
Tal como me dói ouvir comentários como "Se não conseguem, deixa lá. É porque tem de ser assim" e luto para que consiga engravidar e ser Mãe, quem sou eu para decidir que alguém tem de o ser se não o quer/deseja/acha que não pode ou mesmo não lhe apetece? Quem está nelas é que as sente, decidi, e dei liberdade para decidirem.
Hoje, continuo a achar que fiz bem, mas com um misto de culpa. Choro por dentro cada aborto que sei ou imagino que é realizado, cada mulher que rejeita a possibilidade de ser Mãe.
E vêm-me também à memória algumas pessoas amigas e conhecidas que tanto sofreram com abortos de repetição até conseguirem ter os seus filhos.
Se hoje estivesse bem diposta poderia terminar com "Dá Deus as nozes a quem não tem dentes". Como estou toda partida por dentro, tenho de acrescentar: DÓI TANTO!!
Será que fiz mesmo bem?!?

3.7.07

Impotente

E insegura foi como me senti dia 25 quando liguei para o consultório a saber se podia iniciar novo ciclo com Gonalf: "A sotôra vai estar fora. Tem de aguardar pelo próximo ciclo. Se fosse dois dias depois..."
A mesma "sôtora" em quem eu confio, mas que sinto que é tão apixonada pelo que faz e pela investigação que põe o lado emocional dos pacientes em 2º plano. Será exagero meu? Provavelmente, mas é o que já algumas vezes senti.
A mesma "sotôra" que foi impecável quando fomos fazer a 2ª eco (na 1ª tentativa para IIU, em Maio) e não nos levou o dinheiro da mesma, pois não dava para avançar: já não havia óvulos no horizonte e estava com um endométrio pós-ovulatório.
Nesse dia pensei que o sofrimento me soterrava de vez, me matava e sufocava. Depois do "Sinto muito!" foi o telefonema para um Laboratório de Análises e a corrida para fazer a recolha de sangue: era preciso confirmar que eu tinha ovulado para saber qual o passo seguinte. Até ao regresso ao carro mantive-me firma, mas aí desabei, entrei em desespero.
A (des)espera pelo resultado, o ter sabido nesse dia que teria uma menopausa por volta dos 40 anos e que, de facto, não havia tempo a perder. O ter ouvido "Nunca vi tal coisa em tudo o que estudei" e a dúvida que ficou a pairar no ar, qual nuvem bem cinzenta e carregada, sobre a qualidade dos óvulos.
Foi um fim de semana a tentar arrebitar e na 2ª feira fui passar uns dias fora: precisava estar só, fazer as pazes comigo e com o mundo. Ver o mar e caminhar. Sentir-me independente e viva.
Na 3ª feira o resultado das análises (sim, confirmavasse que tinha havido ovulação e os valores estavam óptimos) e a proposta de dar descanso aos ovários um ciclo e tentar nova IIU no ciclo seguinte, com dosagem adaptada. A voz reconfortante da médica quando lhe perguntei se era de ter esperança ou... "Ah, não! Não estou nada a pensar assim, pelo contrário. Senão nem propunha nova tentativa." Uma força que renasceu cá dentro. O "Obrigada, mas precisava de o ouvir de si".
Ciclo sereno, com muito amor, alguns dias fora e de convívio, trabalho e... dois dias de atraso. 48 horas a esforçar-me para não sonhar, mas a ter tanta esperança. Era tão bonito "acontecer" naturalmente e seria de agradecer aos céus não termos avançado para IIU. Mas o período apareceu.
Balde de água fria, mas o de água gelada foi mesmo o de 25 de Junho. "Obrigada. Então até daqui a um mês.", disse apática e voltei para debaixo dos lençõis a pensar que ela é um ser humano e tem direito a férias e/ou congressos.
"Mas será que estou no sítio certo?" E se ela estiver sempre fora? Já para o teste de Uhner foi "rés-vés Campo de Ourique", para começar o 1ª ciclo de Gonalf tive de confirmar primeiro e agora isto! Daqui a umas semanas terei de voltar a confirmar se posso avançar ou não.
Já basta se calhar a um fim-de-semana, não? É o que dá trabalhar sozinha? Será melhor mudar para uma clínica com uma equipa? Tanta dúvida!
A receita tinha de ser aviada e lá fomos nós. Está a refrescar no frigorífico e a caixa de comprimidos que acrescentou desta vez já teve de ser bem analisada: Estrofem. Usado na menopausa. Qual o objectivo? Confio nela!
Mas tive a necessidade de fazer "prospecção de mercado" novamente para se até Setembro (altura em que faz um ano que somos por ela acompanhados), continuar no "chove não molha" arranjar coragem e mudar.
CETI ou Dr. Alberto Barros? Aceitam-se sugestões, opiniões, experiências vividas.
Já muito li, pesquisei, questionei, soube, estando sempre consciente que cada caso é um caso.
O nosso, até agora, é de Infertilidade Inexplicada.
Sim, hoje estou em baixo e esta falta de sol em nada ajuda.
Amanhã é outro dia!