29.9.07

Até depois

Preciso "fugir" daqui enquanto consigo alguma lucidez para me distrair no fim de semana.
Com o fórum o mesmo, apesar de me sentir em casa, de pantufas e tudo!
Bom fim de semana para todos nós.
Que a Serenidade esteja na ordem do dia.
Para a semana hei-de dar sinal.

26.9.07

Adenda!

É tão difícil falar do que não se sabe!

25.9.07

Muito Obrigada!


Dou-me conta dos comentários deixados e sinto necessidade de dizer que tenho plena consciência que, a maior parte das vezes, os palpites magoam por falta de informação do lado de lá e sensibilidade extrema do lado de cá.
As outras vezes, acho que é mesmo falta de sensibilidade de quem está do outro lado e não faz (ou quer fazer) o mínimo esforço para entender. É que dá trabalho e não é nada com eles...

Sei que muito mais importante é ter quem me compreenda, mesmo não tendo obrigatoriamente que passar pelo mesmo (se sei!), mas às vezes estupidamente parece que me esqueço e valorizo outras coisas.
Normalmente, respondo com muita calma e tacto. Sábado, a ansiedade e a angústia falaram mais alto.

Ontem andei "fechada para obras" e canalizei toda a minha fúria para trabalhos domésticos (a casa agradeceu as arrumações que fiz e deseja secretamente que eu tenha mais dias assim...) e para o trabalho fora de casa: a um domingo, fui trabalhar!
Como o apetite não era muito, a silhueta também anseia por mais dias assim, pois não abusei e limitei-me a comer q.b. Aproveitei para matar saudades dos Pais e, como nos velhos tempos, ver o "noticiário" com eles.
Já em casa, fiz um bolo, jantei a bela da sopa, vim escrever um mail pendente há tempo demais, fiz "sofá" (desporto interessante!) e bebi um chá preparado pelo cara-metade. Adormeci mais serena!

Percebi que o meu anseio é ter novamente uma felicidade inesperada, tal como foi com a IIU. Mas sinto que desta vez estou à espera e parte de mim acredita, logo não vai acontecer. Superstição? Feeling? Medo? Não sei! Mas sinto! Duas seguidas era bom demais para ser verdade!!

Mesmo assim, hoje tive uma "conversinha pé de orelha" com as amigas "ansiedade" e "angústia", mandei-as dar uma curva... e elas foram. Quando voltam? Provavelmente dentro de poucos dias...
Aliás, sei que estão apenas adormecidas, à espera de um deslize para "voltar a atacar". Mas vou aproveitar a onda de muito trabalho e distracção obrigatória que tive hoje (e me aguarda nos próximos dias) e mergulhar nela. Até 6ª feira, vou assumir e iniciar funções novas, a nível profissional.

Acreditem que senti cada palavra vossa. Chegou cá.
Uma vez mais, Muito Obrigada!

22.9.07

É tão fácil falar do que não se sabe



É, sem dúvida, fácil falar do que não se sabe, se conhece ou se vive(u).
Dar palpites, opinar, sugerir.
É tão fácil magoar sem querer!!

A minha (pouca) esperança está-se a esfumar. À sensação de peito dorido que diminui, junto-lhe o péssimo humor de hoje e o “2+2” dá-me 4: tensão pré-menstrual. Tenho praticamente a certeza!

Ao final da tarde, num hipermercado da cidade, encontramos um casal conhecido e os seus dois filhos.
"Então, e quando é que vocês arranjam um? Já está na altura! Não querem?!"
Sem "passar pelo filtro" e já a fervilhar por dentro, sai-me "Não quero eu outra coisa há mais de dois anos. O pior é conseguir!"
"Ah (coloca a mão no meu ombro, com um ar entendido e maternal), mas olha que não podes ficar ansiosa! A sério! Tens de ir ao Dr. X. Dizem que ele faz milagres."
"Ai é?! Mas só se for para me mandar uma queca..."
Dou conta que já não sou eu a falar, que as palavras me saiem sem qualquer ponderação ou racionalidade. Sinto-me cada vez mais irritada, "cega", prestes a explodir.
Apetece-me encostá-la a uma prateleira e explicar-lhe tudo muito bem explicadinho. Mas há os filhos, os nossos cara-metade e... ups, a minha Mãe, que se apercebe de imediato que posso ser verdadeiramente indelicada. Afinal... Mãe é Mãe e esta não é diferente!

"Mas então porquê?"
"Infertilidade. Há uma doença que se chama infertilidade. No nosso caso, inexplicada. E há que assumi-lo. Para quê esconder?"
"Ah, vais ver que quando menos esperares engravidas."
Mas esta gente é mouca ou burra?! É um assunto de que nunca se fala, sei, estão desinformados. Mas eu acabei de falar... E o pior é que não estou em condições para informar ninguém. Sequer ver alguém.
"Sim, sim. É como dizer a uma pessoa que tem um cancro: Quando esqueceres a quimio vais ficar bem. Relaxa!"
Ao ponto a que eu cheguei!!!
"Mas olha que, então, há um bom no Porto."
"Sim, eu sei, obrigada! Já ando nisto há uns tempos, mas estamos a ser acompanhados noutro lado."
"Mas olha que a minha irmã, quando foi do segundo, também pensou que ía ter de voltar a desobstruir as trompas e ver da ovulação e com o Dr. X foi quando menos esperou e sem ter de fazer nada!"
"Que bom, acredita. Mas as minhas trompas estão bem, a ovulação também e com o ... também está tudo bem.", digo já um pouco mais calma e com vontade de ficar a falar, pois sinto que é com boa-vontade que tudo me é dito.

"Vem aí bebé?", salta o marido que o meu tentava disfarçadamente manter afastado da conversa.
"Não, não. Infertilidade, jovem!"
"Mas tu ou ele?"
"Nem um, nem outro. Ou melhor, os dois!"
"Então quer dizer que vocês, um com o outro, nada?!", diz a rir.
Aldra!!! Magoa, magoa, magoa!
E acrescenta. "Mas com outras pessoas..."
"É, era o que eu estava a dizer à tua mulher em relação ao Dr. X. Ou então começo aí a dar umas voltas!", respondo possessa.
"Ou ele. Bem , mas isso não te resolve o problema a ti."
"Não, mas resolve a ele, não é?", respondo bruta e cínica, com um sorriso amarelo nos lábios.
"Olha, aquela já fechou.", continua, apontando para a mulher.
"É, mas daqui a uns aninhos vou adoptar uma menina. É só eles crescerem um bocadinho mais." desenvolve ela. E prossegue: "Sempre quis ter uma menina, sabes? São tão lindas. Tu não?"
Tirem-me daqui. Tirem-me daqui. Tirem-me daqui.
Mando-a abaixo de Braga ou... que parte é que ela não percebeu?!
"Tenho lá umas vizinhas, duas meninas pequeninas, que sempre que chego do trabalho vêm a correr para mim. São uns amores!"
A sério? Nunca tinha imaginado tal cenário! Coisa estranha... Penso, mas calo. Não abro mais a minha boca, decidi.

Um pouco graças à minha Mãe, que já pegava numas coisas um pouco mais à frente, despedimo-nos.
Já sem os ver, digo alguns "Porquê?", "Como é que é possível?!", "Eu passo-me com esta gente.", "Arre gaita!! Mas as pessoas são burras? É assim tão difícil perceber?!" e oiço, num tom baixo e ponderado:
"Filha, as pessoas não sabem. Falam com boa intenção. Tantas vezes dizemos coisas sem querer..."
"Mas tantas vezes seguidas? Bolas!!", ainda digo, mas não obtenho resposta.

O resto das compras é feito de cara fechada. A vontade é que, com um desejado passe de mágica, apareça em minha casa, no meu quarto. Não ver ninguém e talvez chorar. Talvez?! Chorar sem dúvida, enquanto me rouo toda por dentro.

Deixamos a Mãe em casa. Nem lhe consigo responder se lá almoçamos amanhã ou não. Toco-lhe no braço e faço uma festa rápida (preciso senti-la!) e digo que ligo mais tarde.
Sigo pela circular, não há trânsito e acelero um pouquito mais. Preciso chegar a casa e ficar só, para sofrer e fazer as pazes (ou não) com tudo isto.
As compras são trazidas e arrumadas de uma forma flecha e decidida.

Antes de aquecer a sopa, vou à casa-de-banho colocar o relógio e olho para o espelho. Não quero/consigo/apetece olhar para a cara. É no peito que me centro e olho de relance a barriga.
Porque o peito tem vindo a doer desde a IIU e hoje praticamente não? Porque me iludi?
A tentar não sonhar, ía sonhando. Silenciosa em relação ao peito, ía saboreando a sensação e "amamentando a esperança".

Volto à cozinha e, quando me sento à mesa, também o meu cara-metade não consigo encarar. Sinto-me inferior, apesar de racionalmente saber não ter razões para tal.
Quando pego no talher, esbarro na caixa de Aspirina GR.
Não dá mais!
Afasto a caixa, poiso novamente o talher, levanto-me, sigo rumo ao quarto e atiro-me para cima da cama.
Para quê seis cápsulas vaginais e uma aspirina por dia? Para quê? Para quê?! Para prolongar e reforçar este sufoco de me iludir? Para, daqui a uma semana, o meu castelo ruir e ficar de rastos?
Apetece-me chorar, mas fico apática a olhar a parede do quarto.
Várias frases me vêm à cabeça. Várias angústias, outros tantos medos, um sem-fim de desgastes volta à tona.
"Até quando?", questiono-me.

Ele vem ter comigo.
Fechada na minha concha, deixo-o fazer-me festas no cabelo sem reagir. Mas algo me faz agarrar-lhe forte e carinhosamente uma mão, escondo a cabeça e choro baixinho.
Na cabeça e no coração a frase "A dor secreta da infertilidade".
Se as pessoas soubessem...

Sei que ainda faltam uns dias para o período vir, mas... não acredito.
Só que vou desejando, sonhando, combatendo. E dói-me, dói-me tanto!!

18.9.07

Regresso a Casa



A inspiração não é muita, mas a necessidade de deixar algo escrito sim.
As surpresas foram muitas, os resultados uma incógnita.

Viagem com certeza de ter ovulado, à chegada ao consultório reparar que a médica estava de bom humor e muito atenciosa (fez-lhe bem as férias), esperar só 10 minutos pela eco, logo seguida de consulta.
Ovulei, confirma-se. Ainda se deve ir a tempo para tentar a IIU. Decidir!
Troca de opiniões, de olhares ansiosos, de sorrisos nervosos. "Sim, sim! Claro que sim!!"
Receita da caixa de Gonal que "foi à vida" quando o frigorífico pifou, a que juntou Utogestan e Aspirina GR.
- Já almoçaram?
- Não propriamente...
- Então vão comer qualquer coisa. A técnica só lá está às 15:30 para fazer a recolha e depois já vai com mais força.
Calcula-se a hora para a IIU, confirma-se o local (Espaço Infertilidade) e... sai o Obrigada! com sorriso de orelha a orelha, impossível de disfarçar.

O cara-metade começa a ficar nervoso com a colheita, meio atónito. A ansiedade parece passar de mim para ele.

Vamos almoçar (tarefa menos fácil para ele, mas a fomeca aperta) e meia hora antes do combinado já estamos a entrar no Espaço Fertilidade.
Ao contrário do consultório, o local é novo, acolhedor, completíssimo e com um atendimento de primeira. "Que bom!" Apetece saltar, pular, percorrer cada salinha e agradecer tanta simpatia e empatia.
Aguardamos, faz-se a colheita e chega a técnica para a preparação do esperma. Temos cerca de 1h para desanuviar, o que não é tarefa fácil dadas as circunstâncias.

O ar puro sabe bem, caiem algumas pingas de chuva, as pernas tremem um bocadito.
Livraria Almedina, que fica perto e há livros para ver. Mal chegamos, sento-me, respiro fundo pela enésima vez e procuro uma garrafa de água. Ele perde-se por entre as estantes de livros, já a cmeçar a relaxar. Na mesa, tento ler uma reportagem sobre a Madre Teresa de Calcutá, ponho os óculos, bebo mais um gole de água, leio mais umas linhas, tiro os óculos, volto a olhar na direcção das estantes e... dou-lhe um toque.
"Como és capaz de me dixar aqui sozinha?! Caramba!"
"Desculpa, tens razão. É que me consegui distrair... Mas tens razão, desculpa."
Saímos, caminhamos um pouco, sentamos. Preciso desabafar, conversar, até dizer balelas.
Toca o telefone. É engano.
Toca o telefone. "Já está tudo pronto, quando quiserem vir..."
"Sim, sim, estamos perto. Vamos já!"

Lá sobe a adrenalina e lá caminhamos em passo rápido.
Novamente a simpatia de todas, incluindo a médica. O consultório impecável, o biombo, o "saiote", todos os componentes físicos. Até a cor da parede me chama a atenção.
Já preparada, entram as duas (médica e... médica) e tudo se passa num pestanejar de olhos.
10 minutos deitada, levantar devagar.
Ops, dor abdominal forte, suores frios, enjoos.
Pagamos, o cara-metade vai buscar o carro, mas quando dá o toque para o telemóvel já eu estou deitada no sofá da recepção, com tratamento VIP, ben-u-ron 1gr no bucho, a médica responsável pelo esperma a abanar uma revista na minha cara, um copo de água com açúcar a caminho, as pernas são-me levantadas e vou arrebitando.
Apercebo-me depois que se assustaram com a minha palidez e que não reagi à "ET": é comum acontecer.
Quando eu (e todos) confirmo que estou bem, e depois de um pouco mais de conversa agradável pelo meio, desejam-nos boa sorte e agradecemos. É o regresso a casa!

Paragem para o "sócio" abastecer com um "Twix" e a viagem corre bem, com o banco rebatido e o ar condicionado ligado, por indicação da equipa.
Farmácia e casinha, doce casinha.
Arrumam-se recibos (ai, ai!), põe-se a medicação à vista e oiço "E que tal uma pizza pró jantar?". Sorrio, pois sei como ele gosta e o quão poucas vezes comemos fast food. Aliás, a questão "jantar" fica resolvida. Claro que alinho!

Bom, já falei com um par de pessoas, recebi e respondi a algumas mensagens e todas as dores passaram.
Sei que não foi uma vitória, mas metade dela foi! Como disse uma amiga "São dois a pensar em três" e é verdade.
Agora, sem presões, o tempo trará o veredicto final.
Aceita-se apoio, carinho, mimo e chamadas à realidade. Ah! E apoio, e carinho e mimo, outra vez!
E eu que não me iluda demais, por favor!

Para quem não tinha inspiração...

Medo ou feeling?

Vou sair para Coimbra. A consulta e eco do 10º dia esperam-nos.
Ontem passei o dia com bastantes dores de barriga, como sinto todas as ovulações, mas muito mais forte.
Tal como em Maio, estou convencida que a ovulação já passou e que não vai haver IIU.
Mais, sinto, acho, penso ou tenho medo que os meus óvulos não sejam mesmo de qualidade, pequenos e que não consiga engravidar.
Estou sisuda, séria, com vontade de chorar.
Tenho MUITO MEDO do que posso saber hoje.
Até ver!

10.9.07

Contagem decrescente



10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1...
Amanhã: 0! Dia de iniciar injecções de Gonal.
O Estrofem começo só no final da semana e é a novidade desta preparação para tentar, novamente, avançar para Inseminação.

Andei até à hora de almoço numa tensão brutal, pois não sabia se haveria, uma vez mais, ausência de última hora por parte da médica. Parece que não, mas a funcionária, tenho de o dizer, é do pior que já vi até hoje: antipática, fria, rude. Tudo aquilo que não se precisa nestas alturas (e em todas as outras da nossa vida, ora bolas).

Dia 18 tenho eco e consulta marcadas. Nesse dia vamos "bombardear" a Professora com todas as questões que nos têm marterizado nos últimos meses e espero não vir de lá excessivamente desapontada.

Continuo a não sentir grande segurança... Não nas suas capacidades teóricas e técnicas, mas na sua constante falta de disponibilidade e no calculismo(?) que sempre demonstrou (minto! por 2 vezes foi simpática, atenciosa e genuinamente disponível). Por outro lado, os relatos que leio de tratamentos de "companheiras de luta" fazem-me questionar parte da sua metodologia. Repetição de eco só passado 4 ou 5 dias? Sem análises de sangue? Têm vindo a aumentar as minhas dúvidas, confesso.
No hospital onde trabalha e é directora de serviço, tudo decorre com agilidade, simpatia, dedicação, compreensão e apoio. Para lá tentei que me transferisse, mas disse-me não se justificar. Será que não?! Pelo menos aí há sorrisos sinceros, empatia e não se fica a adiar, ciclo após ciclo, um tratamento devido às suas inúmeras ausências. Há uma equipa completa a trabalhar, em conjunto! Não irei eu desgastar-me com mais um tratamento para que a escassez de monitorização e as suas ausências impeçam o avançar para a Inseminação? Tenho medo! Tenho medo e sinto-me um bocado revoltada! Indignada, também.
Pois se pago mais no privado, não é concerteza para ser menos bem tratada e de isso não há qualquer dúvida. Aliás, há mais pessoas a queixarem-se do mesmo, o que me deixa mais receosa ainda. Pode ser que, como aconteceu em Maio, venha de lá "agradavelmente surpreendida". Queira Deus!

Bom, mas depois da raiva, do receio, da ansiedade brutal, veio a marcação. Não foi "só juntar água", mas com o passar dos minutos fui-me acalmando (e com a ajuda do cara-metade, que foi grande!), a vontade de chorar desapareceu e deu lugar ao empenho e esperança neste tratamento que amanhã inicio.
Vai ser diferente do outro, com dose ajustada de Gonal e o tal novo amigo, o Estrofem.

Como me irei dar?! Bem, concerteza!
Com momentos de ansiedade, mas que rapidamente mandarei dar uma curva, pois estou decidida a, pelo menos eu, dar o meu melhor.
Num dos meus trabalhos (fina, ela!!) também tive uma conversa franca sobre possíveis ausências em horário de trabalho e o feedback foi excepcional! O receio de me "mandarem dar uma curva" desvanesceu-se em poucos segundos e tive direito a um "Tenha calma e cuide de si, que eu estou cá se não puder estar presente". Sorri toda: por dentro e por fora. Acho que todo o meu corpo sorriu e tive vontade de ficar toda a tarde a agradecer aquela compreensão, poucos dias depois de nos termos conhecido. É tão bom perceber que o mundo não está irremediavelmente de pernas para o ar!

Que o meu corpo, a Natureza, a médica, os medicamentos e os deuses nos ajudem, pois o que peço é força para aguentar firme após o veredicto que vier.

É verdade, não peço mais! Por mais que o deseje, ainda lembro bem como é o sangrar do coração de uma esperança maior desfeita e o desespero que se apoderou de mim, como se o mundo tivesse desabado e eu não pudesse fazer nada, excepto sofrer.
Ocupada como estou e vou estar, mais uma razão para tentar viver cada momento com o que a vida tem para mim e eu para ela.
Mas... amanhã, começo o Gonal!!! Acabaram-se as esperas (pelo menos para este passo) e já me sinto muito menos "pendurada".

O meu sorriso está de orelha a orelha, mas não quero agarrar-me a isso :O)

7.9.07

Guardadora de rebanhos


Nem de propósito, ao meu lado repousa o calendário dos Artistas Pintores com a Boca e o Pé aberto no mês de Setembro. Olho para ele e leio:

"Sou um guardador de rebanhos,
O Rebanho é os meus pensamentos..."
Alberto Caeiro

Dou-me conta que me sinto uma verdadeira "Guardadora de Rebanhos", isto é, de pensamentos.
Estão menos em catadupa, é verdade, mas andaram aos pinotes durante o dia.

Ontem emocionei-me ao deitar e chorei baixinho abraçada a ti. Estava eu a armar-me em forte, não? E quem disse que ser forte é não chorar? Foste o meu porto-de-abrigo, uma vez mais.

Hoje a espera para ligar para Coimbra, depois de muitas contas feitas e refeitas. 11º dia, quando? E se calha no dia em que não posso mesmo faltar ao trabalho? Como fazer para levar a caneta de Gonal para fora do país por uns dias?
Após o almoço, análise de penso: nada! Bom, mas e se vem até à noite? Tenho de ligar e ligo.
"Só se for 3ª. 2ª e 4ª a doutora não está. Na 3ª dá consultas, pode ser."
Confusão na minha cabeça. Aquilo queria dizer sim ou não?!
Acima de tudo o já insuportável e inaceitável "A doutora não está!" (Arre prá mulher!!). O resto, nada que com 3 ou 4 perguntas não se tenha esclarecido.
Fico de ligar na 2ª para marcar (ou não).

Mas no ar paira ainda a dúvida em relação ao que considerar o 1º dia. A secretária não me elucidou (sei que é secretária, mas nem nisso é competente e "antipatia" é o 2º nome da senhora).
"É desta que ligo à médica! Para alguma coisa lhe ando a pagar! Não faz sentido nenhum isto assim, sem norte.", penso enquanto o digo. Peço ao "testo da panela que sou" para ligar à amiga que nos indicou a médica e a quem ela deu o n.º de telemóvel, enquanto eu vou tentar trabalhar novamente.
Respiro fundo mais vezes do que estava a contar e aí vou eu, cabeça erguida, como se nada fosse.

Trocamos olhares e falamos em surdina e por código desde que ele chega ao pé de mim até eu decidir ligar. A minha amiga anda de cabelos em pé à procura do contacto e não o encontra. Eu, prevenida como sou em algumas coisas, tenho no meu telemóvel um nº que ouvi a secretária da médica indicar a alguém e me pareceu pertencer-lhe. Na altura, memorizei-o disfarçadamente, na sala de espera, como se colocasse um lembrete na minha agenda ou enviasse uma sms.
"Vou tentar e tem de ser já, senão rebento!", digo e saio tipo flecha.

Toca algumas vezes que me parecem horas, mas é a voz dela que oiço quando alguém atende.
"Rápida e eficiente" como costuma ser, não perde tempo e elucida-me.
Fico a saber que tenho de esperar o vermelhinho no penso e que "Em Outubro não estou. Em Setembro dá."

Eu bem digo que é a última oportunidade que lhe dou!

Nota: O maridão já ontem falava numa outra Clínica no Porto que poderia marcar para mais cedo do que o Plano B, para Outubro. Hoje ligou sem que me apercebesse e ainda este mês conseguimos consulta, se quisermos, pois houve uma desistência.
Penso que não me vens ler aqui, mas... OBRIGADA pelo teu acto de Amor e empenho em tentares arranjar um Plano B para mais cedo ainda, tal reconheces o meu sofrimento, a minha ansiedade, o meu quase-desespero. Ajudou-me, sem dúvida, a continuar. Abriste-me mais uma janela, quando eu começava a sentir falta de ar.

6.9.07

Montanha Russa



Em que montanha russa de sentimentos eu me tornei, caramba!

Não, não estou aqui a chorar baba e ranho, mas não consigo ficar indiferente à "chegada da besta". Uma vez mais a prova de que não consigo engravidar naturalmente. Um óvulo mais desperiçado! Uma esperança mais perdida.

Para já só há sinais, o que significa ter de esperar mais uns dias ou horas pelo vermelhinho mesmo . Aí posso telefonar à médica a saber se posso começar o ttt, mas mete-se o fim de semana...

O turbilhão de emoções desanimadoras já é grande, mas vamos lá juntar-lhe mais uma: ansiedade.

Gaita!!

4.9.07

Saber rir


Na cozinha arrumam-se as compras, após ida ao supermercado e dou-me conta que os dois ovos que estavam no frigorífico já tinham passado a validade.
- Toma, faz o que quiseres... (malandra, que sei o que ele gosta de fazer com ovos chocos)
- Fixe! Posso atirá-los pela janela?
Rio e aceno que sim, divertida.
Jantar feito, mesa posta e a base lá a chamar-me a atenção:
- Olha, ficam aqui :o)
A meio do jantar dou por mim a rir e a colocar um caixita de plástico no meio. Boca? Faca mesmo a jeito!
Aí olha ele para mim, após acompanhar os passos da "obra prima" e abana a cabeça.
Tão bom saber rir!

2.9.07

Ministério quer reduzir partos múltiplos


Ministério quer reduzir partos múltiplos
Futuro terá menos gémeos


O Ministério da Saúde quer diminuir o número de gémeos que nasce através das técnicas de reprodução medicamente assistidas. Essa redução está prevista para breve.

A garantia que os partos de gémeos em Portugal vão ser reduzidos foi dada pelo director-geral de Saúde. Em entrevista ao CM, Francisco George afirmou que o País tem de “diminuir a taxa das gravidezes gemilares, designadamente dos trigémeos, porque as crianças que nascem são de muito baixo peso e de alto risco e muitas não conseguem sobreviver”.

Segundo o responsável, as técnicas de procriação medicamente assistida “não podem induzir as gravidezes gemilares que depois põem em risco os bebés”.

A decisão deve-se sobretudo a questões ligadas à mortalidade infantil. “Não é saudável para as mães verem morrer um filho”, salientou.

O obstetra Vicente Pinto, antigo director da Maternidade Alfredo da Costa, considera meritória a redução dos partos gemilares, devido ao risco que representa para o bebé a prematuridade do nascimento.

O especialista explica porque nasceram tantos gémeos através das técnicas de inseminação artificial e como é possível reduzir esses partos: “Durante muitos anos utilizou-se o método de introduzir mais que um embrião, numa tentativa de aumentar a taxa de sucesso da gravidez, para que fosse viável. Como resultado obtinha-se uma gravidez pluri-fetal, ou gemilar, e foi deste modo que nasciam gémeos”. Mas nos últimos anos houve um grande desenvolvimento das técnicas de inseminação artificial e hoje é possível uma gravidez através da introdução de um único embrião. “A maioria dos partos de gémeos são prematuros, o que obriga a ficarem internados longos períodos nas unidades de cuidados intensivos, até completar a formação dos órgãos, com insuficiência respiratória e outros problemas.”

Apesar de os internamentos representarem elevados custos para o Estado, aquele especialista não acredita que a contenção de custos seja um dos objectivos do Ministério da Saúde.

TAXA DE PARTOS NÃO SATISFAZ
Se, por um lado, o Ministério da Saúde quer diminuir o número de gémeos nascidos através da reprodução medicamente assistida, por outro lado quer aumentar o número de crianças nascidas através das técnicas de fertilização, ou seja, um maior número de partos individuais. Segundo Francisco George, director-geral da Saúde, actualmente os nascimentos em Portugal conseguidos através da ciência oscilam entre os 800 e os mil por ano, o que equivale a uma taxa inferior a um por cento do conjunto total de partos. “A taxa de nascimentos medicamente assistidos é baixa, não é satisfatória e vamos poder triplicar ou quadruplicar esse número”. Aquele responsável acredita que pode aumentar a procura dos serviços por parte dos casais inférteis, se a comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentar.

O ministro da saúde, Correia de Campos, admitiu recentemente que a comparticipação do SNS aos tratamentos da infertilidade podem chegar aos 50 por cento, o que implicaria uma despesa do Estado em cerca de 24 milhões de euros. Contudo, não são conhecidas ainda decisões ministeriais.

APONTAMENTOS

TAXA BAIXA
A procriação medicamente assistida é uma técnica complexa, muito dispendiosa e acarreta uma taxa de sucesso baixa, ronda os 20 por cento. Contudo, essa percentagem representaria um total de três mil nascimentos.

ORÇAMENTO
A comparticipação dos tratamentos da procriação medicamente assistida está dependente da aprovação do Orçamento Geral do Estado em 2008.

ABONO
O Ministério da Saúde anunciou a atribuição de um abono de família pré-nascimento, um incentivo a que as pessoas não recorram ao aborto.

SAIBA MAIS

2872
Gémeos nasceram em 2005, segundo os dados demográficos do Instituto Nacional de Estatística. No ano anterior (2004) tinham nascido mais, um total de 2983.

10 a 15
Por cento dos casais são inférteis – homem ou mulher – e metade deste número de casais deseja ter um filho, submetendo-se a técnicas de fertilização.

REGULAMENTAÇÃO
A regulamentação da lei da procriação medicamente assistida está concluída, mas ainda não há uma data de publicação.

30 ANOS
A partir dos 30 anos aumenta a percentagem das grávidas com gémeos.

CENTRO DE SAÚDE
Os “três ou quatro” centros de saúde que deverão começar a fazer abortos medicamentosos a pedido da mulher a partir de Setembro situam-se todos no Norte do País. O bastonário dos médicos já criticou a situação.

Cristina Serra
in Correio da Manhã

1.9.07

Já veio!




A noite foi longa na net e quando o telemóvel apitou mensagem tinha eu acabado de acordar, já perto da hora de almoço.
Depois de umas voltas e reviravoltas, pego no aparelho e relembro ter uma mensagem. Clico.
Sorrio e as lágrimas começam-me a cair, umas atrás das outras, sem pedir licença.
O André nasceu! "O André nasceu!", repito algumas vezes.
O meu cara-metade entra no quarto e assusta-se:
- O que foi? Porque estás a chorar?
- Nada..., respondo com um sorriso estampado na cara e as lágrimas a escorregar em catadupa
- Diz-me o que se passa, pelo menos.
- Lembras-te do
post que te mostrei ontem daquela minha amiga e do que a filhota dela disse? Ele veio! O André nasceu esta noite, mais ou menos na hora em que te mostrava aquilo.
Ele abraça-me e fica caladinho.

- Eu sei. A seguir vai ser o nosso, vais ver!
- Nunca prometas nada a ninguém que não sabes se vai acontecer..., digo. E continuo:

- Sabes? Até pelo facto de ela se ter lembrado de mim num momento destes estou emocionada... E quando eu a conheci, quase há um ano, ela tinha tido uma bebé uns meses antes. Agora já tem dois...

Mas estou genuinamente feliz!

Ainda não respondi à sms, mas vou fazê-lo de seguida. Acho que ainda é muito cedo para telefonadelas. Ela deve estar a curtir o seu filhote, a Leonor maravilhada a observá-lo, o cão a ouvir os novos sons da casa. Enfim: a família reunida.
Benvindo sejas, André! Parabéns, do coração, Luísa!

Podia-me dar para pior...

Sim, podia mesmo!
Passei alguns dias fora do país em trabalho e ainda me aguarda mais uma leva.
A juntar a isso, surgiu-me, felizmente, um trabalho de que gosto com um desafio anexado. Não ocupará muitas horas por semana, mas já tem um sabor adocicado e durará até 2009. A não ser... que tenha a felicidade de ter uma boa surpresa entretanto que me obrigue a interromper. Aí, pararei com todo o gosto do mundo e um sorriso de orelha-a-orelha nos lábios. Who knows? :O)
Bom, mas aproveito este final de semana para me sentar ao computador e passear-me pelos vossos cantos, deixando algumas palavras.
Já me vieram as lágrimas aos olhos, já sorri, já fiquei em suspense e já ri. Sem ainda vos conhecer, o que já provocam em mim!
A ideia era começar pelo Forum da API, mas lá me "perdi", de endereço em endereço.
Alguém me ajuda com o "avatar"/imagem para o perfil do Forum? Não consigo reduzir uma imagem sem que fique minúscula, tipo cabeça de alfinete :O((
Antes de tudo isto, lá fui eu ao site dos Simpsons. Há cada toleira! E a culpa é da João :O))