23.10.08
20.10.08
Apetece-me chorar
Desde o dia da consulta que fiz o que sabia e mais um bocado valente para não pensar na espera da biópsia, para viver a vida com um sorriso, para curtir a minha Filha, para trabalhar e rir.
Fui muito bem atendida (consulta das 21:30 às 23:30!), nada me doeu e muito me foi explicado.
Vim de lá bastante serena, com uma receita de antibiótico, anti-inflamatório, pílula (para controlo da mama) e vitaminas.
Deixei lá bastante dinheiro, um pouco do medo e dois pedacinhos de mim para biópsia: papanicolau e líquido do caroço.
5ª feira sei os resultados, 5ª feira a minha vida pode mudar, 5ª feira poderei chorar de alegria ou de tristeza, dor e desespero.
Quanto mais os dias passam, mais a ansiedade se apodera de mim e me corrói, violentamente, por dentro.
Dou por mim a ponderar os vários cenários e o nó da garganta fica mais e mais apertado.
Dou por mim a querer falar e a não ter o meu cara-metade disponível para me ouvir.
Dou por mim a forçar uma conversa, pequenina-pequenina, e a ouvir palavras e comentários que magoam e fazem sofrer, que desorientam e me fazem sentir mais perdida ainda.
Dou por mim a olhar para a minha Filha e a ter medos horríveis, (ir)racionais, sufocantes, desesperantes, ao mesmo tempo que de alento, porque ela é o meu bem mais precioso... e quero crescer com ela, lado a lado e não longe dela, frágil ou uma sem a outra.
Hoje não consegui trabalhar! Não consegui desligar desta espera, deste medo, desta angústia.
Estou impaciente, irritadiça, triste, só, angustiada.
Valha-me algumas pessoas que me rodeiam e o sorriso da minha Filha, que o marido anda mesmo "distante" (será a maneira de reagir?), a mana continua a muitos kms de viagem e os Pais vão amanhã passar uma semana fora.
Só me apetece chorar, tanto é o medo e a angústia!
E já choro por quem tem câncro da mama, pois ainda que o resultado da biópsia venha normal, estou sensibilizada na pele para mais uma doença que pode bater a qualquer porta e da qual se sofre, tantas vezes, em silêncio.
14.10.08
Apavorada!
É como estou, depois de ter detectado um "caroço", ter feito eco e ter sido encaminhada para o serviço de cirurgia daqui do hospital.
Uma vez mais não confio, uma vez mais quero ser bem atendida e sem enganos e... lá vou eu a uma consulta (privada) a Coimbra.
À minha volta, pessoas (des)conhecidas vão tendo cancro da mama ou de outros órgãos.
À minha volta, pessoas (des)conhecidas vão padecendo desta doença cada vez mais jovens.
À minha volta, pessoas (des)conhecidas vão morrendo, sendo cortadas ou vencendo.
Na minha cabeça paira um misto de esperança que não seja nada maligno, com uma angústia enorme de que o seja.
Pairam mil e um pensamentos, mil e uma imagens, mil e um receios, mil e uma esperanças, mil e uma incógnitas.
O coração ficou apertadinho quando o notei, ficou feliz quando fiz a eco (mais que um, mas "nada de especial, estás com sorte: é só esvaziar pelo desconforto!"), voltou a tremer quando mostrei ao médico de família e ele me encaminhou para o hospital, disse não dever ser nada, mas ser necessário confirmar e... quase paralisa quando olho para a minha Filha.
Há muitas mulheres com nódulos, caroços e afins que são isso mesmo e nada mais, sem consequências, com necessidade de controlo (que angustia, claro!), mas que não passa daí.
Terei essa sorte?!
O nó na garganta é grande!
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