20.11.07

A tarde encheu-se de sol



E não é que, contra todas as minhas expectativas/previsões, el signor mi marido me aparece em casa a meio da tarde?

Só me apetecia atirar para os braços dele, mas contive-me, a aguardar o que o trazia a casa àquela hora.
"Não quero ficar chateado contigo!"
Chorei, chorei, chorei, chorei.

Conversámos e foi muito bom (pelo meio, levei um "puxãozito de orelhas" merecido, mas também aquele abraço, compreensão parte-a-parte e muito amor).
Se calhar exagerei... ou talvez não.
O facto é que as hormonas ficaram mais loucas ainda e ele ainda cá lanchou, antes de voltar para o trabalho.

E... a tarde encheu-se de sol!

19.11.07

Cinzento/a



Hoje estou cinzenta como o dia de chuva lá fora!

Ontem à noite fiz um esforço brutal para sair do sofá e ir prá cama, depois de já ali estar quentinha e a beber um cházito. Demorei, arrastei-me e fui.
Tinha estado a trabalhar 3 horitas sem contar durante a tarde e, à noite, deu-me para algumas arrumações no escritório, depois de cerca de 2h às voltas com material de trabalho.
Estava cansada, mas ao deitar-me o coração e a respiração aceleraram, a posição demorou a ser encontrada. Dormi.

02:00h - acordo para ir à casa de banho e meia mal-disposta. Volto e "apago" quase de imediato.
07:00h - acordo indisposta. É a posição na cama, o estômago? Ah, sim, claro, o nariz entupido e a bexiga cheia de novo. Voltas e reviravoltas. Decisão: levantar e beber um leite (pergunto-me mil vezes como é que meia maldisposta me apetece leite, mas a resposta do meu corpo é sempre a mesma: "Sim!!"), comer uma fatia de pão, passar pela casa-de-banho e tentar dormir mais um pouco.
Quando o despertador toca sei ter adormecido há pouco, sinto o corpo a pedir (muito) descanso e o nariz cada vez mais entupido. Desligo o "bicho".

Pelas 12:30 acordo. É a bexiga de novo, alguma fome e o sono que já chega. Coloco as duas bolinhas de "Utrogestan" e, enquanto aguardo, penso no cansaço que continuo a sentir, no trabalho que tenho marcado à tarde. Dou conta que o dia está verdadeiramente cinzento, que chove imenso e que estou meia apática.

Chega o cara-metade com o almoço.
Desejei um cumprimeto meigo, atencioso, um "Então, como é que estás?". Já agora, se não é pedir muito, um abraço e dois dedos de conversa.
Engano meu! "Não acredito que ainda estás na cama!", "Depois não comes nada, já sei como é.", "Mas o que é que te deu?"
"Desliguei o despertador de manhã, sinto-me meia febril e dormi até há pouco.", respondo ainda na esperança da compreensão e do apoio.
"E não sabias pôr o despertador para mais tarde? Já sabes que tens de te levantar antes do almoço ou agora comes uma quantidadezita de nada..." (não estaremos a generalizar como é teu hábito, marido?!)
"Adormeci, já te disse. Estou cansada e gripada. Nem dei conta... ". E arescento: "Mas o que te interessa é só a comida? Gaita, estou-te a dizer que estou meia constipada, caramba!"

Ele volta à cozinha e sala, oiço pratos, talheres e o começo da sua refeição.

Como me apetecia o almoço na cama... Alguém perguntou? Não.
Espero um pouco mais que "as bolinhas" sejam absorvidas, agasalho-me bem e vou até à sala.

Sento-me e como. Sabe-me bem a sopa, o quente do arroz corrido com couves escuras. Como a quantidade que me é normal e dou por mim com as lágrimas a cair perto da última garfada. O silêncio "mata-me".
Levanto-me, vou dois minutos ao quarto, regresso, acabo de comer, levantamos a mesa a meias, faço uma máquina de roupa e vou à casa de banho: apetece-me vomitar o dia de hoje!

O silêncio que se manteve todo o almoço é quebrado pelo telefone fixo que toca. Atende e é para mim. Da casa de banho dou-me conta da simpatia ao telefone, do "Sim, está tudo bem, obrigado." e apetece-me mandar um berro. Desliga, diz-me quem era e eu só consigo responder "Não estou para ninguém!"

De imediato toca o meu telemóvel. Tantas e tantas vezes ignorado, dou conta que se dirige a ele e me vem dizer que "Era um 91".
Respondo torto! Saio da casa-de-banho e falo irritada.

"Estás bem educada, sim senhor!"
"Sabes, é que o meu marido hoje disse-me Bom Dia! e quando viu que eu estava na cama perguntou-me o que tinha, se precisava de alguma coisa, se tinha febre. Essas coisas! Se calhar devia era ir trabalhar à bruta e, se tivesse que tomar algum antibiótico, que se lixasse. Pode ser que, ao menos, te interesse saber que "o teu filho está com febre"".

Trocamos mais duas ou três frases tortas (o meu cinismo saiu da caixa a todo o vapor, ele fala revoltado e transpira razão em cada palavra dita). Desliga o computador, enquanto pula da cadeira do escritório.
Em 2 minutos está a vestir o casaco e a abrir a porta de casa.
Só consigo dizer "Se é para estar sozinha é mesmo melhor assim!"
"É. Se calhar é mesmo." e foi-se!

Fico a sentir-me sozinha, desnorteada, nervosíssima e sem saber o que fazer com a minha tarde e com as palavras que ficaram aqui atravessadas por dizer.

Aqueço a almofada de sementes no microondas, recolho "material" para a tarde e volto à cama.
Apetece-me enviar-lhe uma mensagem, mas sei que ía dar asneira. Fico quieta.
Apetece-me fala com ele, mas não tenho como. Por telemóvel sinto que é ridículo. Fico quieta.
Afago a barriga e tento afastar a "raiva" que me vai cá dentro em relação a tamanho bloco de gelo, frieza, racionalismo e falta de sensibilidade de há pouco. Não posso sentir-me assim e... fico quieta.

Ligo para a pessoa com quem tinha combinado à tarde, peço desculpa pelo incómodo, explico que estou constipada e que alteramos para amanhã. Tenho voz e atitude de compreensão do outro lado da linha. "Então até amanhã, mas só se já puder!"

O dia está exageradamente escuro e, fora o meu amor dentro de mim, a minha alma não está muito melhor.
Apetece-me pedir carinho, compreensão. Apetece-me pedir abraços e mimos. Mas não está cá ninguém em casa.

Levanto-me para vir buscar uns papéis e dá-me para ver se tenho mails. Antes passo pelo blog e é de imediato que clico em "nova mensagem". Preciso deitar cá para fora, escrever porque não falar, tentar desfazer-me desta mistura de dor com culpa ("o teu filho está com febre"?!??? O que me deu?), quebrar este sentimento de solidão.

Apetecia-me era estar a trabalhar, não ter que fazer desmarcações e produzir. Conviver, vestir-me e à minha pequenina barrigota e ir passeá-la, mostrar-lhe o mundo lá fora de novo e como é trabalhar, cumprimentar pessoas, usar guarda-chuva. Mas tenho receio de piorar (ando neste "chove não molha" de constipação há quase uma semana) e tenho a possibilidade de descansar, de ficar em casa.
Tenho receio de ficar pior, mas fico atrofiada de passar o dia em casa. Mil dúvidas me assaltam. Estarei a tomar a atitude correcta?! Devia ter esforçado um pouco mais e ido trabalhar normalmente?

Não sei! E não tive oportunidade de decidir a meias, como desejava.

14.11.07

Mini-gente

Poetic Journey by Sabzi

"Estava a dormir, o malandro" e "Cá está ele, todo espevitado!" foram as frases que me ficaram a bailar na cabeça e no coração depois da consulta de ontem.
Tanto como já estar de 10 semanas, o/a catraio/a medir 3,47cm e estar com o coraçãozito a 160/minuto.
Não posso mentir: é lindo demais!
Na memória estão outras imagens bonitas (muito bonitas), que desejo continuem a acontecer e a ser sinónimo de que tudo está a correr bem.
É que o medo apodera-se de mim nos dias que antecedem e se seguem às consultas... Mais nos que antecedem, acho.

Para dar descanso ao corpo (que está com sintomas de gripe) e à mente (que está de ressaca da tensão dos últimos 4 dias), nada como acordar com a cabeça pesadíssima, a garganta a arranhar e um cansaço descomunal e... ficar todo o dia em casa!
De manhã, descansei umas horas. Dormia mais, não viesse o cara-metade à hora de almoço com a sua insistência para eu comer.
À tarde, o descanso foi subjectivo, pois fartei-me de analisar e resolver questões por telefone e internet. A vontade é "pôr na horizontal" e atacar o meu livro. Se dormir, dormi!

Mas antes tive vontade de vir aqui.

Dia 3 de Dezembro nova viagem ao mundo do/a mini-gente, com direito a rastreio bioquímico.
Que as surpresas continuem a ser boas... para todos nós.
Do coração!


Quem já passou por este "estado de encantamento" sabe na pele do que falo.
Quem ainda não passou, sonha com ele e passará em breve, acredito!
Não baixem os braços, peço-vos!

6.11.07

Bem melhor!


A necessidade de escrever tem sido pouca ou a inspiração vem quando menos dá jeito: estou a adormecer e saltam pensamentos e emoções que apetece escrever para guardar para mais tarde.
Mas a preguiça instala-se e o quentinho da cama fala mais alto. Resultado: lá me mantenho enroscada no edredon (sim, aqui já faz frio!) e as palavras ficam por escrever.

A ansiedade e a angústia estão bem menores e eu muito mais serena (quando escrevo ou digo isto, fico com medo de ter uma surpresa menos boa, mas penso cada vez menos assim!)
O mal-estar diminuiu... inversamente proporcional ao pesosito pequenino e dureza da barrigota :O)
Na próxima 3ª feira temos nova consulta e quero muito que as notícias continuem a ser boas! É que o desejo de ser mãe continua!

Há pouco passei no blog da Luna e deparei-me com a sua eco das 8 semanas e um dia. Andamos lado a lado e, no meu íntimo, sempre tive esperança que tal acontecesse. Está a acontecer!

Mas nem sempre as notícias que leio me deixam com um sorriso nos lábios... Há dias chorei lágrimas de dor sentida. Como é característico meu, quando choro é a sério e sofri. A minha palavra é de muito carinho e admiração. Muito mesmo!

Agora vou até ao sofá, que não pára de me chamar há mais de uma hora.