13.7.07

IVG

Há dias dei por mim, quase a chegar ao trabalho, colada a uma capa de jornal.
Tinha acordado bem disposta, não estava a contar ter um dia mais difícil que os outros, mas foi-o. Aqueles títulos martelavam-me na cabeça e não deixavam o meu coração sossegar.
As notícias eram sobre o ter havido já necessidade de recorrer ao privado para fazer x abortos ou, se preferirem, IVG. Do número de objectores de consciência na maior parte dos hospitais e da necessidade de contratação de técnicos somente para esse serviço.
Da cabeça não me saía o meu voto no Refrendo de Fevereiro e a luta interior que parecia ter terminado e recomeçava com aquele momento.
Passei semanas, meses, a ponderar o meu voto, a informar-me, a ouvir-me e a sentir-me.
Sempre fui pela liberdade de escolha sem penalização, mas o facto de não conseguir engravidar estava a fazer-me ver o que muitos chamavam "o outro lado". O facto de não haver quase apoios por parte do Estado para casais inférteis aumentava as dúvidas no meu voto. Pela 1ª vez na vida tive (muitas) dúvidas a este respeito.
O meu tira-teimas foi o sentir, acima de tudo, que cada um é que sabe de facto o que sofre/deseja quando passa pelas situações. Tanto na Infertilidade, como na IVG ou em tantas outras situações melindrosas de diversas áreas das nossas vidas.
Tal como me dói ouvir comentários como "Se não conseguem, deixa lá. É porque tem de ser assim" e luto para que consiga engravidar e ser Mãe, quem sou eu para decidir que alguém tem de o ser se não o quer/deseja/acha que não pode ou mesmo não lhe apetece? Quem está nelas é que as sente, decidi, e dei liberdade para decidirem.
Hoje, continuo a achar que fiz bem, mas com um misto de culpa. Choro por dentro cada aborto que sei ou imagino que é realizado, cada mulher que rejeita a possibilidade de ser Mãe.
E vêm-me também à memória algumas pessoas amigas e conhecidas que tanto sofreram com abortos de repetição até conseguirem ter os seus filhos.
Se hoje estivesse bem diposta poderia terminar com "Dá Deus as nozes a quem não tem dentes". Como estou toda partida por dentro, tenho de acrescentar: DÓI TANTO!!
Será que fiz mesmo bem?!?

1 comentário:

Dina disse...

AMIGA SINTO IGUAL A TI.
era a favor do Aborto mas desde que sofro de infertilidade que o meu coração balança sempre que penso em tanat gente que aborta e nós que tanto queremos um filho não o temos. Não é justo.
É duro demais.
Beijinhos e passarei por ca mais vezes